Adormecida

(Releitura de Castro Alves)

A noite sempre vem recordação... Adormecida
numa cama toda languidamente...
Os seios quase a mostra... cabelo solto

e os pés nus declinados sobre o carpete.

A janela estava aberta. Um cheiro suave
exalava do seu corpo perfumado...
E de longe, por trás da cortina esvoaçante
olhava a noite tranquila e bela.

De um abacateiro me abaixei,
intrometido entrei pela janela,
e mansamente vacilando ao som da brisa
beijava seu rosto - todo trêmulo.

Era um cenário triunfal... A cada carícia
mesmo em devaneios a menina jovem trepidava...
Quando ela sossegava... Eu a beijava...
Quando ela me beijava... O desejo transcendia...
E dentro de um sonho onírico
jubilavam dois corpos juvenis...
O ardor, que sucumbia as paixões,
transmitia ondas elétricas nos órgãos internos!

E o mastro que chegava, mas se afastava...

Deixava-a intrigada a meia força,
pra não irritá-la... Agitava eufórico.

Gotas de orvalhos no seio...

Eu admirando esse cenário, repetia
aquela noite sem vigor e sensação:
"Ó paixão! - tu és a musa dos meus sonhos!"

"Musa! tu és a musa da minha vida!"


Murillo Kollek

14/03/2019








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